EU VEJO, DISSE O CEGO
(POEMA DE ROSA KAPILA)
PROCURO PALAVRAS
NA SEMI-COLA
QUE NUNCA ANDARAM JUNTAS
PORQUE AS PESSOAS TÊM SEUS ENREDOS...
E NÃO HÁ HISTÓRIA QUE CONSIGA
DAR CONTA DE TANTOS TEMAS
SE EU SOUBESSE O QUE DIRIA O POEMA, NÃO
PRECISARIA ESCREVÊ-LO.
SE UM VENCEDOR NUNCA FOGE
UM FUJÃO NUNCA VENCE.
NA CINELÂNDIA MONTINHOS DE FOLHAS
CHUTADAS, PISADAS, CUSPIDAS, AMASSADAS, BAILAM
ENQUANTO BATO PAPO
COM UM MENDIGO COM DUAS RODELAS CORTADAS NA CALÇA, NO BUMBUM...
FIQUEI SENTADA EM FRENTE AO AMARELINHO POR DUAS HORAS
OLHANDO QUEM FAZ NADA.
NEBULAS NOS OLHOS.
TOMO A SECO UM ANADOR
ARMADILHAS DE UMBERTO ECO
NO "DIÁRIO MÍNIMO".
SEIS CEGOS E O ELEFANTE.
UM DOS CEGOS, BATENDO COM SEU CAJADO
EM CIMA DE MEU SAPATO TUM TUM TUM
ME DIZ: "EU VEJO".
ENTRAR NO ESPELHO
ESTAREI NUM MUNDO QUE DEU ERRADO?
PASSEI PELA RUA MANUEL DE CARVALHO
E MATUTEI: O NOME DE MEU AVÔ.
EM PLENA CINELÂNDIA.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
MONÓLOGO DE DIDIER
MONÓLOGO DE
DIDIER (POEMA DE ROSA KAPILA)
Vou te
contar porque não bebi água em tua casa
/o teu
filtro com água imantada é uma fraude
De noite a
Lua vem e coloca uma água clorada nele.
E a Lua tem
a torneira quebrada.
Você conhece
as pessoas bacia?
- “Não”.
São pessoas
rasas,tem até uma presidente
Que é
bacia,mas não tão rasa.
E a Isabel
do lixo?
-“Também não
conheço”.
Uma tal de
Princesa Isabel.
Você sabe
que a família real me persegue
/todo dia.
Eles colocam gafanhotos,piolho de cobra
/escorpiões
e outros bichos em minha frente.
Você ouve
minhas novidades?
Eu sou
carpinteira, ganho dinheiro com minhas ferramentas.
Eu vivo no
mercado da morte
Eu sou da
esquerda.
Um dia eu
fiz poemas de amor
/que nem
essas besteiras que você escreve
Mandei fazer
uma caixa de lata para eu
/ficar no
Metrô ganhando dinheiro.
Obs: Didier
é minha amiga há 15 anos.
quinta-feira, 12 de março de 2015
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Camões, uma estrela solitária
CAMÕES, UMA ESTRELA INFELIZ
“Triste cidade! Eu temo que me
avives
uma paixão defunta!” (Cesário
Verde )
Eu não sou cheiro que se flor
E aqui está Camões me trazendo cheiros
De uma paixão defunta, no seu
Lusíadas
/de”FERO AMOR” sobre Inês de
Castro.
Eu, uma contemporânea que pertenço ao cotidiano
/de muita gente...frequentando a mesma praia, indo
/ao supermercado ou ao cinema...
tenho a mesma sensação
de Cesário Verde em carta ao amigo
Antonio de Macedo Papança
“Uma poesia minha, publicada numa
folha bem impressa,
/comemorativa de Camões, não
obteve um olhar, um sorriso,
/um desdém, uma observação!
Ninguém escreveu, ninguém
/falou, nem um noticiário, nem uma conversa comigo,
ninguém
/disse bem, ninguém disse mal!
(...) literalmente parece que
Cesário Verde não existe”.
Eu, que tento fazer as pessoas
pensarem sobre o mundo e a vida!
Vi
o teu rosto desenhando num navio.
Ainda carrego em minha boca o cheiro do teu poema
/redivivo.
Tanto adiei minha poesia para outro século
Que hoje ela me deixou na mão, a
ver navios!
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
vulto do crepúsculo
(POEMA DE ROSA KAPILA)
VULTO DO CREPÚSCULO
Canto para um vulto do crepúsculo
/ e penso que você me ouve
Tenho nas mãos suaves contas
/ com as quais vou fazendo um colar
Do outro lado de mim uma latinha com uvas pretas.
O coração, parece que está no lugar... pelejando
Estou sentada na areia de uma praia
/ ondas frenéticas tentam me banhar.
Como a noite vem caindo, cavo um buraco
/ na terra e coloco os caroços das uvas.
Minha boca areada olha para o céu.
Os grãos de areia que permanecem em meu corpo
/ seguem comigo pela Vieira Souto.
Ao longe eu o vejo, é ele o vulto do crepúsculo.
VULTO DO CREPÚSCULO
Canto para um vulto do crepúsculo
/ e penso que você me ouve
Tenho nas mãos suaves contas
/ com as quais vou fazendo um colar
Do outro lado de mim uma latinha com uvas pretas.
O coração, parece que está no lugar... pelejando
Estou sentada na areia de uma praia
/ ondas frenéticas tentam me banhar.
Como a noite vem caindo, cavo um buraco
/ na terra e coloco os caroços das uvas.
Minha boca areada olha para o céu.
Os grãos de areia que permanecem em meu corpo
/ seguem comigo pela Vieira Souto.
Ao longe eu o vejo, é ele o vulto do crepúsculo.
terça-feira, 7 de outubro de 2014
naquela noite escorei meu espanto no traveseiro
(POEMA DE ROSA KAPILA)
NAQUELA NOITE ESCOREI MEU ESPANTO NO TRAVESSEIRO
Em minha Caixa de Pandora
/versos de pés quebrados
Para sempre abre-te sésamo
/desse chão - estrada.
Jardins, regatos, vem música me abraçar.
Vou pro mar, “ele me dar muitos poemas”.
Antes bati prego numa porta
/para que ela não exista mais.
Olhei para trás e vi que minha janela
/preferida, voou.
Bancas de jornais : revistas e amendoins.
Esta noite intuitivamente imagino a janela –
/-agora com música voando por dentro dela.
Quero um lugar onde possa
/comer lichia descansada de mente.
Pedrona para sentar-me.
Queria ter paciência com:
Minha preguiça
Calafrios.
Ouço nomes
Um amigo do passado, passa
/pergunta se eu quero um pedaço
/do Muro de Berlim.
Eu quis sorrir.
Naquela noite escorei meu espanto no travesseiro.
NAQUELA NOITE ESCOREI MEU ESPANTO NO TRAVESSEIRO
Em minha Caixa de Pandora
/versos de pés quebrados
Para sempre abre-te sésamo
/desse chão - estrada.
Jardins, regatos, vem música me abraçar.
Vou pro mar, “ele me dar muitos poemas”.
Antes bati prego numa porta
/para que ela não exista mais.
Olhei para trás e vi que minha janela
/preferida, voou.
Bancas de jornais : revistas e amendoins.
Esta noite intuitivamente imagino a janela –
/-agora com música voando por dentro dela.
Quero um lugar onde possa
/comer lichia descansada de mente.
Pedrona para sentar-me.
Queria ter paciência com:
Minha preguiça
Calafrios.
Ouço nomes
Um amigo do passado, passa
/pergunta se eu quero um pedaço
/do Muro de Berlim.
Eu quis sorrir.
Naquela noite escorei meu espanto no travesseiro.
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