CAMÕES, UMA ESTRELA INFELIZ
“Triste cidade! Eu temo que me
avives
uma paixão defunta!” (Cesário
Verde )
Eu não sou cheiro que se flor
E aqui está Camões me trazendo cheiros
De uma paixão defunta, no seu
Lusíadas
/de”FERO AMOR” sobre Inês de
Castro.
Eu, uma contemporânea que pertenço ao cotidiano
/de muita gente...frequentando a mesma praia, indo
/ao supermercado ou ao cinema...
tenho a mesma sensação
de Cesário Verde em carta ao amigo
Antonio de Macedo Papança
“Uma poesia minha, publicada numa
folha bem impressa,
/comemorativa de Camões, não
obteve um olhar, um sorriso,
/um desdém, uma observação!
Ninguém escreveu, ninguém
/falou, nem um noticiário, nem uma conversa comigo,
ninguém
/disse bem, ninguém disse mal!
(...) literalmente parece que
Cesário Verde não existe”.
Eu, que tento fazer as pessoas
pensarem sobre o mundo e a vida!
Vi
o teu rosto desenhando num navio.
Ainda carrego em minha boca o cheiro do teu poema
/redivivo.
Tanto adiei minha poesia para outro século
Que hoje ela me deixou na mão, a
ver navios!